O molho, o Oscar e as injustiças

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Quando eu era calouro na CELU (Casa do Estudante Luterano Universitário) passei por um trote, mantido por gerações de moradores da casa, pelo que consta, há algumas décadas. O trote consiste em pular nas águas do Passeio Público, no Centro de Curitiba. Aliás é uma baita pegadinha, todos que pulamos pensávamos que a profundidade nos permitiria nadar e dar braçadas nas lodaçais águas do mais antigo parque de Curitiba, mas na verdade a altura da água não passa dos joelhos.

Mas o pensamento que todos compartilham, e eu atesto: é que foi nojento nadar no Passeio. Tão nojento que não tenho dúvidas em afirmar que naqueles quinze segundos de “mergulho”, ganhei anticorpos que garantem minha boa saúde até hoje. E realmente é um fato, não costumo ficar doente.

Porém esses dias eu fiquei doente, depois de horas no hospital e exames a fio, além dos remédios receitados tive duas recomendações médicas: água (muita) e repouso, que costumo chamar de molho.

Entre uma febre e outra, aproveitei o molho, culturalmente bem, porque caiu exatamente na semana do Oscar, por isso, os canais de televisão parecem mais afins de bons filmes. Assisti clássicos que tranquilamente figuram entre os melhores que já assisti, como “O Poderoso Chefão”, “Platoon”, “O silêncio dos inocentes”, “Forrest Gump” e “Uma mente brilhante”, vi também bons filmes como “Jogos, trapaças e dois canos fumegantes”.

Outra coisa interessante sobre a semana do Oscar é que todo mundo se acha o novo Rubens Edwald Filho, por isso a grande expectativa da semana se dava em torno do filme “O Regresso”, do diretor mexicano Alejandro Iñarritu e do ator responsável pelo papel do protagonista, Leonardo di Caprio, um injustiçado em edições anteriores. Como não vi o filme ou seus concorrentes, prefiro retirar-me à Glória Pires e não comentar sobre os merecimentos (ou não) dos prêmios.

Os cinéfilos ao redor do mundo normalmente falam sobre os injustiçados. Como não lembrar de filmes como “Laranja Mecânica” e “A cor púrpura” ou de diretores como Stanley Kubrik e Hitchcock, que nunca levaram pra casa a estatueta.

Eu tenho quatro grandes injustiçados, no meu coração: Quentin Tarantino em vários dos seus filmes, mas especialmente em “Django”, “Pulp Fiction” e “Bastardos Inglórios”, filme com atuação extraordinária de Brad Pitt, mais um injustiçado, assim como o seu “Curioso caso de Benjamin Button”. Os outros dois são Tim Burton e Johnny Depp, que são fantásticos, juntos, em “Edward, mãos de tesoura”.

Mas injusto mesmo é ficar de molho e nem saber o diagnóstico, deve ser algo alienígena, afinal, superou os anticorpos do Passeio, será que isso dá filme?

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