Sobre o caso do #vazaJato:

O mundo político e jurídico do Brasil sofreu um terremoto no último domingo: o jornal online The Intercept Brasil teve acesso ao conteúdo hackeado, da troca de mensagens entre membros do Ministério Público Federal (MPF) e do Poder Judiciário, participantes da força tarefa de combate à corrupção num esquema que pilhou os cofres públicos brasileiros nos últimos anos, conhecida como Lava-Jato. Notadamente, o coordenador da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol e o então juiz federal e hoje Ministro da Justiça, Sérgio Moro, são as vítimas mais conhecidas do vazamento.

Importante falar sobre o que aconteceu em todos os seus aspectos, mesmo sabendo que todas as cartas ainda não estão à mesa, pois o próprio editor do jornal disse “a gente olhou 1% do material”, disponível. Portanto vamos lá:

A postura do The Intercept. Por mais que em seu editorial o jornal tenha tentado explicar o porquê, errou ao não cumprir as regras do bom jornalismo e não buscar a versão dos atingidos. Outras vezes isso já aconteceu no Brasil, não pode e nem deve ser repetido, independentemente do caso, a presunção da inocência é uma das mais importantes garantias constitucionais e um dos fundamentos da atividade jornalística.

Sobre o conteúdo vazado. É bombástico, grave e deve ser apurado. Tudo leva a crer que burlaram a regra do jogo, ato digno de justiceiros. Parece que um dos times entrou em campo combinando com o juiz o que deveriam fazer para ter o melhor resultado. Parece também que, a propagada força-tarefa “apolítica” tinha lá suas preferências… Mas quem deve apurar, por mais corporativistas que sejam, são os responsáveis: CNJ, no caso de Moro e CNMP, no caso do pessoal do MPF.

Aliás, o lavajatismo se virou contra os membros da Lava-jato. Eles que sistematicamente lançaram mão de vazamentos, de escutas, mensagens, e-mails, delações, peças acusatórias e sentenças, são vítimas de um vazamento e do julgamento da opinião pública, sem direito à devida defesa e processo legal.

O que precisamos entender como brasileiros, que não toleramos a corrupção, é que, corromper as regras do jogo pode prejudicar todos os avanços no combate à essa chaga que machuca tanto a todos nós pagadores de impostos. Burlar regras para buscar quaisquer resultados é feio no esporte e feio na vida. O que aconteceu no Brasil nos últimos anos foi um processo de criminalização da atividade política e um incentivo, por grande parte da população, à justiceiros e mitos. Isso deforma a democracia e suas instituições, as consequências de tudo isso, pelo que consigo entender, podem ocasionar uma verdadeira tsunami.

O que é certo é certo e ponto. Não podemos abrir mão disso, nem deixar com que preferências político-eleitorais deixem nossa visão e capacidade de julgamento turvas. Temos que estar vigilantes. Em suma, deve-se apurar e punir o hacker, bem como deve-se apurar e punir os eventuais erros do MPF e do Poder Judiciário.

Por último, não posso deixar de parabenizar aos envolvidos nos últimos acontecimentos do Brasil, a cada dia que passa, está mais pavimentada a volta do PT ao poder.

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