Euclides Scalco: O farol

O primeiro farol que se tem notícia foi o Farol de Alexandria, construído no século III a.C. e que tinha mais de 120 metros de altura, é considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Os faróis foram idealizados na antiguidade e são utilizados até hoje, para avisar os navegadores que estavam próximos da terra, ou iluminavam de porções de terra que brotavam mar adentro. Ou seja, mostravam o caminho, eram referência e davam segurança aos navegantes.

A história política é repleta de “faróis” que inspiraram e referenciaram gerações posteriores: Abraham Lincoln foi o farol da unidade para um país divido em meio à Guerra Civil, Winston Churchill foi o farol da democracia, numa Europa cercada de totalitarismo, Martin Luther King foi o farol da luta por um mundo mais igual.

Contudo o Brasil, cada vez mais, não oferece à minha geração faróis que sejam referência, para apontar o caminho, as pedras e riscos. Tive sorte de ter alguns na mesma trincheira que estou e, certamente Euclides Scalco é dos que mais se destacam. Escrevo essa lembrança por conta da homenagem proposta pelo Deputado Michele Caputo (PSDB), em que foi feita a entrega do título de Cidadão Honorário à esse grande homem.

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Em todos os cargos que ocupou, desde a militância estudantil até o ministério, foi vanguarda, exemplo e referência, ou seja: um farol. Não há um só político, de Francisco Beltrão, seu berço político, do Paraná, terra adotou e ajudou a cuidar ou do Brasil, que não o respeite, seja da esquerda ou da direita, liberal ou conservador.

Num país que até hoje discute a falta de representatividade dos políticos e a ineficiência do sistema político, há mais de 30 anos defendeu o parlamentarismo na Assembleia Nacional Constituinte.

Se o Brasil hoje tenta se livrar das amarras do corporativismo e do clientelismo, Scalco e outros brasileiros de fina estirpe, como Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Franco Montoro e José Richa, rompeu com o governismo de Sarney e fundou o PSDB, um novo partido que iria mudar os rumos de milhões de brasileiros com o Plano Real…

Enquanto hoje parece ser moda falar sobre gestão da coisa pública e equilíbrio das contas, Scalco à frente da Itaipu Binacional saneou a caótica situação que herdou, renegociou dívidas, requalificou tarifas e criou uma política de contenção de despesas.

O Brasil de hoje discute sua relação com a democracia e a importância de suas instituições. Ainda em 2002, Scalco coordenou a republicana transição entre partidos antagônicos, algo inédito na frágil e ainda jovem democracia.

Euclides Scalco foi dos expoentes de uma geração de políticos que fez oposição ao autoritarismo e ao clientelismo. Eu pertenço à uma geração com desafios diferentes: enfrentamento ao corporativismo, adequação da gestão pública e da democracia à era do 5G, das mídias digitais e das smart things.

Os navios e equipamentos náuticos de hoje são diferentes da antiguidade, contudo os faróis continuam sendo fundamentais para a navegação contemporânea. Da mesma forma: a história de sucesso e respeitabilidade de Euclides Scalco é um farol para minha atuação política, ainda que com desafios diferentes, sei que ele é uma das referências que mostra o caminho e dá segurança, enquanto navego a vida pública.

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